Abstract: At the third episode of Sophocles’ Electra, the heroine, believing that her brother Orestes is dead, invites her sister Chrisothemis to a plan to kill Aegisthus, in a speech that recalls fifth century Athenian’s public honors to the tyrannicide couple, Harmodius and Aristogiton, and thus presents the two sisters as a kind of democratic champions (v. 947-989). This paper compares the treatment given by contemporary Commentaries to Sophocles’ Electra to this speech with recent gender-oriented studies of Athenian citizenship, in order to argue that the idea of the ancient polis as a “man’s club” depends much more on a modern stereotype about Athenian politics than on the ancient evidence available to us - a stereotype that projects XIX century European conceptions of politics on the ancient context, and perpetuates backwards a supposedly universal masculine domination. In this light, Electra’s attitude, surely exceptional because of her equally exceptional situation, far from strikingly transgressing ancient gender-roles, points to the importance of female citizenship in democratic Athens.
Resumo: No terceiro episódio da Electra de Sófocles, a heroína, acreditando que seu irmão Orestes está morto, tenta convencer sua irmã Crisótemis a participar de um plano de matar Egisto, em um discurso que retoma as honras públicas instituídas na Atenas do século V a.C. em homenagem ao casal tiranicida, Harmódio e Aristogíton, e, portanto, aproxima as duas irmãs da imagem de campeãs da democracia (v. 947-989). Este artigo compara o tratamento dado por Comentários contemporâneos à Electra de Sófocles a este discurso com estudos recentes da cidadania ateniense que fazem uso do gênero como ferramenta metodológica, no intuito de argumentar que a ideia da polis como um “clube de homens” depende muito mais de um estereótipo moderno sobre a política ateniense do que das evidências antigas disponíveis - um estereótipo que projeta concepções europeias do século XIX acerca do político sobre o contexto antigo e perpetua, no passado, uma dominação masculina supostamente universal. Nessa perspectiva, a atitude de Electra, certamente excepcional pela situação igualmente excepcional em que a heroína se encontra, longe de transgredir de um modo impressionante os papéis de gênero antigos, aponta para a importância da cidadania feminina na democracia ateniense.